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Antes de morrer, Moraes Moreira escreveu poema sobre quarentena

Cantor e compositor, morto nesta segunda (13), estava isolado em casa, na Zona Sul do Rio, e a pandemia lhe serviu de inspiração

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 13 abr 2020, 14h48 - Publicado em 13 abr 2020, 11h52
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    Moraes Moreira: quarentena lhe serviu de inspiração para compor um cordel pouco antes de falecer (Divulgação/Divulgação)

    Cerca de um mês antes de morrer, o cantor e compositor Moraes Moreira escreveu um cordel sobre os tempos de quarentena e pandemia do novo coronavírus. A poesia foi postada pelo próprio artista em seu perfil do Instagram, no dia 18 de março. Confira a postagem e os versos inéditos:

    + Morre cantor e compositor Moraes Moreira

    “Oi pessoal estou aqui na Gávea entre minha casa e escritório que ficam próximos,cumprindo minha quarentena,tocando e escrevendo sem parar. Este Cordel nasceu na madrugada do dia 17, envio para apreciação de vocês .Boa sorte

    Quarentena (Moraes Moreira)

    Eu temo o coronavirus
    E zelo por minha vida
    Mas tenho medo de tiros
    Também de bala perdida,
    A nossa fé é vacina
    O professor que me ensina
    Será minha própria lida

    Assombra-me a pandemia
    Que agora domina o mundo
    Mas tenho uma garantia
    Não sou nenhum vagabundo,
    Porque todo cidadão
    Merece mas atenção
    O sentimento é profundo

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    Eu não queria essa praga
    Que não é mais do Egito
    Não quero que ela traga
    O mal que sempre eu evito,
    Os males não são eternos
    Pois os recursos modernos
    Estão aí, acredito

    De quem será esse lucro
    Ou mesmo a teoria?
    Detesto falar de estrupo
    Eu gosto é de poesia,
    Mas creio na consciência
    E digo não a todo dia

    Eu tenho medo do excesso
    Que seja em qualquer sentido
    Mas também do retrocesso
    Que por aí escondido,
    As vezes é o que notamos
    Passar o que já passamos
    Jamais será esquecido

    Até aceito a polícia
    Mas quando muda de letra
    E se transforma em milícia
    Odeio essa mutreta,
    Pra combater o que alarma
    Só tenho mesmo uma arma
    Que é a minha caneta

    Com tanta coisa inda cismo….
    Estão na ordem do dia
    Eu digo não ao machismo
    Também a misoginia,
    Tem outros que eu não aceito
    É o tal do preconceito
    E as sombras da hipocrisia

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    As coisas já forem postas
    Mas prevalecem os relés
    Queremos sim ter respostas
    Sobre as nossas Marielles,
    Em meio a um mundo efêmero
    Não é só questão de gênero
    Nem de homens ou mulheres

    O que vale é o ser humano
    E sua dignidade
    Vivemos num mundo insano
    Queremos mais liberdade,
    Pra que tudo isso mude
    Certeza, ninguém se ilude
    Não tem tempo,nem idade”

    No dia 13 de março, Moraes Moreira se despediu dos palcos com um show no Clube Manouche, na Zona Sul do Rio. No repertório, músicas que o formaram como artista. Neste vídeo, um trecho de Canta, Brasil, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser.

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