Barra, Recreio e Jacarepaguá estão sem água há 15 dias

No verão mais seco em uma década, moradores da Zona Oeste sofrem com torneiras secas e desinformação

Por Ernesto Neves
Atualizado em 2 jun 2017, 12h47 - Publicado em 23 jan 2015, 23h59
Daniele Suzuki
Daniele Suzuki (Giane Carvalho/)
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Neste verão, com os termômetros cravando 40 graus quase que diariamente, o Rio enfrenta uma onda de calor brutal até para nossos padrões. Além do sol de rachar, o carioca teve de enfrentar o mês de janeiro mais seco desde 2003. É nesse cenário, digno de regiões desérticas, que milhares de moradores das zonas Oeste e Norte ainda estão tendo de lidar com problemas de falta d’água. A situação se agravou no início do mês e já existem casos de residências no Itanhangá e no Recreio onde há quinze dias não cai nenhuma gota. Sem saída, os moradores dessas regiões ficam reféns das poucas soluções possíveis, como a contratação de ca­minhões-pipa. O serviço, que antes oferecia 20 000 litros de água por cerca de 200 reais, cobra agora valores exorbitantes, que podem alcançar até 2 000 reais por viagem. Mesmo assim, a demanda pelos caminhões é tanta que conseguir um exige fila de espera. Foi o que aconteceu com a atriz e apresentadora Daniele Suzuki, moradora do Recreio, que, até ser atendida, precisou improvisar o banho utilizando garrafas de água mineral. “Liguei para mais de trinta empresas”, diz a atriz, que já tentou recorrer inúmeras vezes à Cedae. “Fizemos diversas reclamações, mas dizem que o fornecimento está normal”, conta.O problema se agrava nas regiões próximas aos chamados finais da linha de distribuição. Com o consumo elevado neste período, a água perde a pressão e passa a minguar nas torneiras.

Adriana Conde
Adriana Conde ()

É o que vem acontecendo em áreas da orla da Barra, assim como na Freguesia e no Tanque, em Jacarepaguá, no Alto da Boa Vista e no Itanhangá. Com 412 apartamentos de alto padrão, o condomínio Ocean Front, na Avenida Lúcio Costa, teve de contratar 180 ca­minhões-pipa na última quinzena para manter o abastecimento regular. A poucos metros dali, o apart-hotel Barra Palace também recorreu ao serviço e empregou medidas que incluem o fechamento da sauna. Caso a situação continue, até a piscina pode parar de funcionar. Moradora de um condomínio no Itanhangá, a empresária Adriana Conde Menezes não só passou a tomar banho na casa de amigos nos dias em que as torneiras secam como viu a conta de luz disparar após a instalação de bombas para aumentar a pressurização. “É um condomínio classe A. Com o IPTU que pagamos, deveríamos ter pelo menos o básico”, revolta-se. “Já cheguei a tirar água da piscina para dar descarga no vaso sanitário. É muito desgastante o que estamos passando”, conclui.

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Falta de água
Falta de água ()

Para fazer frente à crise, a Cedae afirma estar investindo 200 milhões de reais em melhorias na rede da Zona Oeste. Segundo a companhia, a forte expansão imobiliária da região, aliada às temperaturas acima da média, contribui para as falhas no abastecimento. Se no verão o consumo do carioca sobe, em média, 30%, nesta estação de temperaturas surreais calcula-se que o salto alcance 40%. “Até fevereiro teremos certo alívio devido à inauguração da adutora do Catonho. Ela vai permitir melhor manejo de recursos”, conta Marcello Motta, diretor de distribuição e comercialização da Região Metropolitana da Cedae. A solução definitiva, no entanto, virá somente com a inauguração de dois reservatórios, um no Recreio e o outro em Jacarepaguá. As estruturas devem ser finalizadas até o fim do ano. Apesar de os moradores serem abastecidos em períodos restritos do dia, a companhia também nega que haja racionamento. “Não há queda na vazão. Precisamos mesmo é complementar nosso sistema com dutos maiores e novos reservatórios”, explica. Sem ter como fugir do clima hostil, resta ao carioca torcer e cobrar para que o problema seja resolvido quanto antes. 

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