A farra dos fortões
A feira de fisiculturismo de Schwarzenegger cresceu, e agora só cabe no Riocentro. É ali que os atletas vão puxar caminhão e levantar pneu
Um quilo e meio de mandioca, 2 quilos de carne por dia. Desde setembro, essa é a alimentação do químico Marcos Ferrari, 36 anos. Morador de Mogi das Cruzes, em São Paulo, ele será o único brasileiro entre os nove atletas do Strongman, competição que elege o homem mais forte do mundo, uma das principais atrações da edição nacional do evento multiesportivo Arnold Classic. A festa começa na sexta (25), dividindo-se entre o Riocentro, em Jacarepaguá, e o Citibank Hall, na Barra. Além do bravo Ferrari, outros 5?000 atletas se preparam para esse festival criado em 1989, em Ohio, pelo ator austro-americano Arnold Schwarzenegger e pelo empresário Jim Lorimer.
Trata-se, basicamente, de uma disputa entre fortões, com 25 modalidades ditas esportivas ? há quem não considere levantar bolas de concreto um esporte ao pé da letra. E muitos fazem cara feia só de olhar para os corpos ultradefinidos dos fisiculturistas (que para uma aula de anatomia estariam ótimos). Mas o fato é que o mundo vem comprando essa briga. Tanto é assim que entraram na rota do evento a Europa, que já recebeu duas edições, em Madri, e o Rio, que o sedia pelo segundo ano seguido. Em breve, cidades da Austrália e da China também terão suas versões do Arnold Classic.
Aqui, por causa do sucesso de 2013, o evento teve de trocar os 15?000 metros quadrados do Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, pelos 25?000 metros quadrados de dois pavilhões no Riocentro. “Haverá corredores mais largos para a circulação do público, além de mais bilheterias e restaurantes”, afirma Ana Paula Graziano, responsável por trazer o festival para o Brasil e sócia de Schwarzenegger na empreitada. O astro hollywoodiano, aliás, contará com 85 seguranças a vigiá-lo o tempo inteiro. Mirando na sua imagem musculosa, amplamente divulgada a partir dos anos 80 em filmes como Conan, o Bárbaro e O Exterminador do Futuro, milhares de atletas vão se enfrentar em exibições de fisiculturismo, mas também em torneios mais prosaicos, como pular corda, cabo de guerra e totó. Para os espectadores (entrada a 40 reais) serão oferecidas aulas de remo, ciclismo e frescobol.
Junto à verve desportiva, o evento tem seu lado de feira de negócios. Serão cerca de 160 estandes para a venda de produtos de fitness, como aparelhos de musculação, roupas de academia e suplementos alimentares. É esperada a presença de celebridades ligadas no culto ao corpo, a exemplo das modelos Gracyanne Barbosa e Nicole Bahls, da atriz Ellen Rocche e do lutador Rodrigo Minotauro. Entre os convidados estrangeiros, a estrela será Toney Freeman, um dos mais populares fisiculturistas dos Estados Unidos.
Embora o corpo seja a estrela e o assunto principal da feira, os interessados também poderão exercitar o cérebro. Correndo em paralelo, debates e palestras terão espaço no Hotel Windsor, na Barra, com os temas girando em torno de nutrição esportiva e gestão de lojas de suplementos. Com mais seis edições fechadas para os próximos anos no Rio, o burburinho acerca desta edição do evento só confirma a hegemonia brasileira nesse setor, que vem movimentando 2,4 bilhões de dólares por ano no país, sustentando 20?000 academias e atingindo mais de 7 milhões de pessoas. E então? Tá fazendo o que aí parado?