Rede de Naves do Conhecimento ganha unidade inspirada pela Rio 2016

Projeto criado há quatro anos reforça o legado prometido para a cidade

Por Renata Magalhães
Atualizado em 2 jun 2017, 12h04 - Publicado em 2 jul 2016, 01h00
Naves do Conhecimento
Naves do Conhecimento (Selmy Yassuda/)
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Domenico de Masi, sociólogo italiano, autor dos livros O Ócio Criativo e O Futuro Chegou — esse um ensaio sobre o Brasil —, encantou-se. “O projeto é maravilhoso. Une estudo, trabalho e jogo”, disse, durante visita feita em 2013. António Nóvoa, prestigiado educador português, reitor honorário da Universidade de Lisboa e segundo colocado nas recentes eleições para presidente em seu país, era esperado, na última sexta, dia 1º, para sua segunda palestra em Triagem, endereço bem distante dos mais tradicionais câmpus do Rio. A lista de visitantes ilustres das Naves do Conhecimento — oito pontos públicos de educação e tecnologia em regiões carentes da cidade, a exemplo do bairro de Triagem — é grande e atesta a importância da iniciativa coordenada pela Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia do Rio. Criada em 2012, em Santa Cruz, a rede chega ao nono prédio na terça (5). A um mês da abertura da Rio 2016, a inauguração da Nave Cidade Olímpica, no Engenho de Dentro, amplia o alcance do programa e evidencia sua influência promissora no conjunto do legado olímpico.

Ao lado do estádio do Engenhão, que será palco de provas de atletismo e futebol durante os Jogos, a Nave Cidade Olímpica ocupa o terreno da antiga Oficina do Trem. Por trás da fachada do século XIX, devidamente recuperada, os visitantes receberão as boas-vindas de dois robôs caracterizados como Tom e Vinicius, as mascotes oficiais da Olimpíada. Começa aí uma viagem interativa que inclui uma linha do tempo sobre a história dos Jogos e simuladores de provas nas modalidades de canoagem e corrida em cadeira de rodas. Outro equipamento oferece uma disputa virtual nos 100 metros rasos contra o campeão jamaicano Usain Bolt. Detalhe: no mundo digital, você pode chegar na frente dele. “O espaço é baseado nas outras naves, mas distingue‑se pela temática esportiva e por estar um patamar acima no que diz respeito à tecnologia”, explica Franklin Coelho, secretário de Ciência e Tecnologia do município. Na origem, o planejamento da prefeitura previa a construção de mais de quarenta unidades, mas a realidade econômica deu contornos modestos ao sonho acalentado pelo prefeito Eduardo Paes desde o início de seu primeiro mandato. A perspectiva olímpica, no entanto, emprestou novo fôlego ao trabalho.

Naves do Conhecimento
Naves do Conhecimento ()

Antes do pouso da nave ao lado do Engenhão, três cursos associados à Olimpíada já vêm mobilizando toda a rede: Repórter Cidade Olímpica, Redes Olímpicas 2016 e Abraça Capacitação. O primeiro é autoexplicativo e o segundo, voltado para a formação de monitores de redes sociais que vão reforçar a equipe do Centro de Controle Operacional (COR) da prefeitura. Mais recente, criado no fim de 2015, o Abraça Capacitação, parceria com a empresa de tecnologia Cisco, já teve 290 alunos formados e 76 estão trabalhando nos Jogos. Thiago Costa, 30 anos, está nessa lista. Morador do Estácio, ele frequentou a Nave de Triagem, onde fez cursos gratuitos de inglês e de tecnologia de informação (que, pago, pode custar 6 000 reais). Hoje, está empregado na área de telecomunicações do Parque Olímpico. “Eu dificilmente estaria onde estou se não fosse por essa oportunidade. O curso de TI é básico e gratuito. Poder passar por essa etapa é um incentivo para estudarmos cada vez mais”, diz Costa.

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O legado das Naves do Conhecimento vai além da Rio 2016. Nas unidades de Santa Cruz, Nova Brasília (Complexo do Alemão), Madureira, Irajá, Penha, Triagem, Padre Miguel e Vila Aliança, a população do entorno — além de muita gente que vem de longe — tem acesso gratuito a um mundo de informação proporcionado por ferramentas tecnológicas de ponta e métodos inovadores de educação. Biblioteca digital, aulas de empreendedorismo a robótica, banda larga e computadores acessíveis para usuários de todas as idades são algumas das atrações disponíveis. Embratel, Claro, Cisco, Intel, Projeto Portinari e a americana Sequoia Foundation (dedicada ao ensino de inglês) estão entre as numerosas instituições envolvidas por meio de parcerias. Como resultado desse esforço, o projeto já ultrapassou os 170 000 cadastrados (veja mais números no quadro abaixo), da criançada que navega nas máquinas de Triagem aos velhinhos que elegeram a unidade da Penha como point. O reconhecimento internacional também indica que as naves estão no caminho certo: o secretário Franklin Coelho recebeu, em junho, o prêmio Visionário do Ano, concedido pelo Intelligente Community Forum, movimento global de mais de 300 cidades, sediado em Nova York e voltado para a promoção de práticas tecnológicas inteligentes.     

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