Conheça sambas-enredo que fizeram história no Carnaval do Rio
Há 50 anos, as agremiações registravam, pela primeira vez, as suas músicas em disco. De lá para cá, sucessos é que não faltaram. Confira a nossa seleção
Em 1968, as escolas de samba cariocas gravavam, pela primeira vez, seus sambas-enredo. Na época, dez agremiações faziam parte do então primeiro grupo (hoje, chamado de grupo especial) e algumas composições já haviam feito história, como Chica da Silva (Salgueiro, 1963) e Aquarela Brasileira (Império Serrano, 1964). Mas, de lá para cá, muitos outros sambas entraram para a lista dos “inesquecíveis”. Tanto que não há carioca que não tenha aquele preferido, cuja letra sabe de cor. E é por isso que, para celebrar os 50 anos da primeira gravação, a VEJA RIO elege seu top 10 do período. Relembre, comente e faça a sua seleção também.
1 – Heróis da Liberdade (Império Serrano, 1969)
O samba do ano de 1969 da Império Serrano, de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira, clamava por liberdade em plena ditadura militar. Relembrava passagens de nossa história marcadas pela opressão, como a Inconfidência Mineira, a abolição da escravatura e o período pré-independência. Mais tarde, foi regravado por intérpretes como Martinho da Vila, João Bosco, Roberto Ribeiro e Maria Rita. Trecho: “Passava noite, vinha dia / O sangue do negro corria / Dia a dia / De lamento em lamento / De agonia em agonia / Ele pedia o fim da tirania”.
2 – Lendas e Mistérios da Amazônia (Portela, 1970)
No primeiro carnaval dos anos 70, a Portela foi campeã com o samba de Catoni, Jabolô e Valtenir, que falava das tradicionais lendas que povoam o imaginário amazônico. Uma onomatopéia que imitava o som dos instrumentos da bateria fez o refrão cair na boca do povo: “Ô esquindô, lá, lá, esquindô lê, lê/ Olha só quem vem lá / É o Saci Pererê”. Neste carnaval, a Portela começou a trazer, em seu abre-alas, a figura da águia, que virou tradição. O enredo e o samba campeões foram reeditados e levados à avenida em 2004, mas… a escola acabou em sétimo lugar.
3 – Os sertões (Em Cima da Hora, 1976)
O samba de Edeor de Paula é considerado por especialistas um dos melhores da história. Fala das dificuldades dos nordestinos, na região árida do interior da Bahia: “Sertanejo é forte / Supera miséria sem fim / Sertanejo homem forte / Dizia o Poeta assim”. Apesar do sucesso da composição, a Em Cima da Hora foi rebaixada.
4 – A Lenda das Sereias (Império Serrano, 1976)
O samba, assinado por Vicente Mattos, Dionel e Arlindo Velloso, entrou para a história com o refrão: “Ela mora no mar/ Ela brinca na areia / No balanço das ondas / A paz ela semeia”. O sucesso, no entanto, não impediu que a Império Serrano ficasse em sétimo lugar. Em 1989, Marisa Monte fez uma regravação em seu álbum de estreia.
5 – Domingo (União da Ilha, 1977)
Criado por Waldyr da Vala, Aurinho da Ilha, Ione do Nascimento e Adhemar de A. Vinhaes, o samba apresenta situações emblemáticas de um típico dia de domingo na Cidade Maravilhosa. O desfile deu à União da Ilha o terceiro lugar no campeonato de 1977. O samba tornou-se um dos maiores sucessos da escola, sendo regravado por Emílio Santiago. Para relembrar: “Há os que vão pra mata / Pra cachoeira ou pro mar / Mas eu que sou do samba / Vou pro terreiro sambar”.
6 – Contos da Areia (Portela, 1984)
No ano de inauguração do Sambódromo, o samba de Dedé da Portela e Norival Reis prestou uma homenagem a três portelenses ilustres: o compositor Paulo da Portela, o patrono Natal da Portela e a cantora Clara Nunes. Relembre o refrão: “É cheiro de mato / É terra molhada / É Clara Guerreira / Lá vem trovoada / Epa-hei! Iansã / Epa-hei!”. A homenagem deu o 21º título à agremiação, que foi campeã do primeiro dia e ficou em segundo lugar no Supercampeonato.
7 – Skindô, skindô (Salgueiro, 1984)
Até hoje a composição de David Corrêa e Jorge Macedo levanta a galera, que canta a plenos pulmões: “Oiá, oiá / água de cheiro pra ioiô / vou mandar buscar / na fonte do senhor”. O enredo, que exaltava o samba, deixou o Salgueiro em quarto lugar.
8 – Kizomba, Festa de uma Raça (Vila Isabel, 1988)
Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila compuseram o samba que daria, em 1988, o primeiro campeonato à Unidos de Vila Isabel. Durante o desfile, o público cantou junto com os componentes da escola: “Vem a Lua de Luanda / Para iluminar a rua / Nossa sede é nossa sede / De que o Aparthaid se destrua”. E foi regravada por Emílio Santiago e Martinho da Vila.
9 – Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós (Imperatriz Leopoldinense, 1989)
Composto por Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir, o samba homenageava os cem anos da República no Brasil. Em eleição no Domingão do Faustão (Globo), foi escolhido como o melhor de todos os tempos, regravado por Dudu Nobre e, em 2012, virou tema de abertura da novela Lado a Lado (Globo), na voz de Dominguinhos do Estácio. Deu o campeonato à Imperatriz Leopoldinense naquele ano. Trecho: “Liberdade, liberdade! / Abra as asas sobre nós / e que a voz da igualdade / seja sempre a nossa voz”.
10 – Peguei um Ita no Norte (Salgueiro, 1993)
De Demá Chagas, Arizão, Bala Guaracy e Celso Trindade, o samba fazia referência às pessoas do Norte e Nordeste que saem de suas cidades em busca do sonho de vencer na vida. Foi inspirada na música Peguei um Ita no Norte, composta por Dorival Caymmi, em 1946. A homenagem deu o título ao Salgueiro e até hoje faz sucesso. Relembre: “Explode coração! / Na maior felicidade! / É lindo meu Salgueiro! / Contagiando e sacudindo essa cidade”.
Para curtir o carnaval no Rio, confira opções de hospedagens no Booking.com