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Neguinho declara seu amor pela Beija-Flor

O cantor teve uma estreia vitoriosa na azul e branco: compôs o samba vencedor do desfile de 1976

Por Pedro Moraes
Atualizado em 23 fev 2017, 18h22 - Publicado em 23 fev 2017, 18h00
Neguinho da Beija Flor
(Daryan Dornelles/Veja Rio)

No alto do carro de som, no desfile de 2009, o homem vestido de branco destoava do ambiente, apesar da pochete na cintura. Não era cantor nem instrumentista. João Pupo, médico, chefe do serviço de colo­proctologia e professor da UFRJ, estava ali para atender Neguinho da Beija-­Flor. Na época, o intérprete oficial da escola enfrentava um grave câncer no intestino. “Foi o momento mais incrível da minha vida. Tinha 35% de chance de me recuperar, adiei sessões de quimioterapia para poder cantar, estava fraco, mas consegui”, lembra. Naquele ano, a Beija-Flor de Nilópolis foi vice, mas Neguinho já comemorou treze campeonatos como intérprete da sua escola de coração. Nada mau para o garoto revelado em um parque de diversões montado numa praça do município de Nova Iguaçu. Aos 9 anos, Luís Antonio Feliciano Marcondes participou de um mambembe show de calouros. Depois de defender Se Acaso Você Chegasse, pérola da dor de cotovelo composta por Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e gravada por seu ídolo Jamelão (1913-2008), outro grande nome do Carnaval, garantiu o terceiro lugar e o prêmio: duas latas de goiabada. Maiorzinho e com algum cartaz como puxador de bloco na Baixada, Neguinho da Vala, como era conhecido, desembarcou na azul e branco de Nilópolis junto com uma turma nova, que incluía o carnavalesco Joãosinho Trinta (1933-2011) e a passista Pinah. No primeiro desfile, em 1976, sagrou-se campeão com o enredo Sonhar com Rei Dá Leão, de sua autoria. “Cheguei com o pé quente, compus o samba, soltei a voz pela primeira vez e fomos campeões. Naquele ano, foi como se o Olaria vencesse o Campeonato Carioca”, compara. O primeiro título foi comemorado à exaustão e deu início a um amor sem tamanho: Neguinho afirma que nunca assinou contrato de trabalho nem recebeu salário da Beija-Flor. “A escola me deu a projeção que tenho. Viajo o mundo cantando. E essa relação de confiança nos transformou em uma família”, diz. Clinicamente curado desde 2015, o intérprete de 67 anos garante que ainda tem fôlego para muitos carnavais. “Jamelão, meu mestre, foi até os 95 anos. Brinco dizendo que vou aos 105 e canto pela Beija-Flor enquanto tiver forças.”

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