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Mais de 40 anos depois, Ney Matogrosso volta a cantar no Morro da Urca

"Tenho muitas recordações boas", diz artista, que se apresenta neste sábado (2) no Tim Music Noites Cariocas

Por Kamille Viola
31 mar 2022, 17h48
Ney está cantando com microfone na mão. Ele usa body prateado que cobre inclusive parte de sua cabeça, deixando só o rosto de fora
Ney Matogrosso: o cantor é atração do Auê de Carnaval - (Ricardo Nunes/Divulgação)
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Em 1976, Ney Matogrosso lançou o disco Bandido, o segundo de sua carreira solo. O show consagrou o artista e é considerado um dos mais ousados de sua carreira, com direito a um strip-tease ao som da música Boneca Cobiçada, de Biá e Bolinha. Mais de quarenta anos depois, o cantor volta a pegar o bondinho para se apresentar no mítico cartão-postal, este sábado (2), no Tim Music Noites Cariocas.

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Ney guarda lembranças de quando esteve lá como atração, em 1977, mas também como público. “Tenho muitas recordações boas do Morro da Urca. Tenho de eu trabalhando lá e dos carnavais do Guilherme Araújo (diretor musical do Bandido e empresário, morto em 2007), também lá”, conta Ney. “O show que eu mais lembro de ter feito foi lá o Bandido. Era um pátio aberto, redondo, todo mundo solto, andando por ali tudo”, descreve.

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No livro Morro da Urca: Estação da Música (ed. Lacre), o jornalista Antonio Carlos Miguel conta que foi em 1977 que a Concha Verde — anfiteatro inaugurado em 1972 — começou a ser usada para apresentações musicais. Hermeto Pascoal estreou o palco, dentro da série Quem Sabe, Sobe, idealizada pelo compositor David Tygel. Naquele ano, aconteceram 64 shows, reunindo 50 mil pagantes. Entre eles, o de Ney.

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Aliás, foi assistindo a espetáculos de artistas empresariados por ele naquele cenário (como o do o próprio Ney e Caetano Veloso) que Araújo teve a ideia de fazer um baile carnavalesco no lugar. O primeiro Sugar Loaf Carnival teve as presença ilustres de Elton John, Rod Stewart e Peter Frampton. O evento abriu a folia carioca por quinze anos. Ele também realizaria memoráveis Réveillons e festas de São João por lá.

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Em 1978, Nelson Motta abriu no Morro da Urca uma nova encarnação da boate Dancin’ Days (a primeira funcionou no Shopping da Gávea, em 1976). Em 1980, ele lançou o Noites Cariocas, hoje Tim Music Noites Cariocas, que ajudou a impulsionar a carreira de nomes como Titãs e Paralamas, então iniciantes (reeditado em 2004 por Alexandre Accioly e Luiz Calainho). Foi lá que Cazuza subiu ao palco pela primeira vez, substituindo um dos Miquinhos Amestrados.

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Para Ney Matogrosso, voltar a ser apresentar nesse cenário será um momento especial. “O lugar é muito interessante, tem uma magia. É numa das pedras do Pão de Açúcar, na pedra da Urca, que é no caminho para o céu”, diverte-se ele. Embora não veja a hora de se apresentar por lá, ele admite que sente um frio na barriga ao pensar na subida de bondinho. “Sei que é loucura da cabeça, mas confesso que não fico tão tranquilo”, diz, para em seguida dar uma gargalhada.

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O artista leva para o festival a turnê do disco Bloco na Rua (2019), que inclui músicas como Jardins da Babilônia, de Rita Lee, Tua Cantiga, de Chico Buarque, A Maçã, de Raul Seixas, e, é claro, Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, de Sérgio Sampaio, entre outras.

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Ele explica que, apesar de ter um álbum mais recente, Nu Com a Minha Música (2021), não pretende sair em turnê com o repertório do trabalho. “Quando gravei o disco, não tinha intenção de fazer show. Ele foi para me ocupar naquela hora de terror, para me tirar do terror da pandemia e das mortes. Tanto que eu estou com quatro bandas tocando comigo na gravação. Ele é um registro de um momento especifico na nossa vida”, resume.

Morro da Urca: Av. Pasteur, 520, Urca. 1º e 8 de abril, 22h. 2 e 9 de abril, 23h. R$ 132,00 a R$ 348,00. Ingressos pelo https://www.ingresse.com.

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