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Helen Pomposelli

Por Helen Pomposelli, jornalista, terapeuta integrativa sistêmica e criadora do Per Vivere Bene Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Bem-estar
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Prima Facie e a inspiração para buscar opções de advocacia consciente

Escritórios Jurídicos criam alternativas de atendimentos terapêuticos integrativos que permitam a conexão pessoal na efetivação dos seus direitos

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14 Maio 2024, 15h05
criando alternativas de atendimentos que permitam fortalecer a conexão pessoal na efetivação dos seus direitos. (Divulgação/Divulgação)
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Essa semana me surpreendi com um tema bastante delicado quando vi a peça Prima Facie, estrelada por Débora Falabella e dirigida por Yara Novaes. Além da bela interpretação da atriz, trilha sonora, figurino, cenário e roteiro impecáveis, essa dramática peça escrita pela australiana-britânica Suzie Miller, conta uma história que infelizmente pode acontecer com qualquer uma de nós. A personagem Tessa, uma advogada de defesa criminal, coloca em jogo uma discussão bastante atual, sobre a fragilidade do sistema de defesa jurídico-criminal quando o assunto é violência sexual. Entre acusações e interrogatórios, Tessa deixa de ser “a advogada” quando acontece com ela um ato de violência sexual que a obriga a enfrentar seus próprios mecanismos de atuação em casos similares. 

Em meio a esse caos de pensamentos, saí do teatro até com vontade de fazer faculdade de Direito (se meu pai ler isso vai ficar feliz) para reunir com toda a minha expertise terapêutica e conseguir ajudar mais mulheres que, assim como a personagem Tessa, ficam vulneráveis diante de um tribunal e sua prova jurídica e moral.

Se adaptando cada vez mais às necessidades atuais da sociedade, a área jurídica está de olho neste atendimento especializado ao cliente, procurando entender não somente as necessidades jurídicas, mas também criando alternativas de atendimentos que permitam fortalecer a conexão pessoal na efetivação dos seus direitos. Para solucionar melhor essa forma de condução dos processos, estão surgindo novas alternativas. Uma delas é o encontro dessa parte jurídica com o elemento terapêutico integrativo, que acontece a partir do próprio entendimento humanizado do Direito. 

A psicologia, sociologia, filosofia e a antropologia, entre outras ciências humanas, também surgem como elemento terapêutico. Assim como espaços na área jurídica que se propõe a fazer uma advocacia consciente e o exercício do Direito do futuro, sustentando uma visão multidisciplinar que alia sólidos conhecimentos jurídicos ao que há de mais moderno no segmento, como contratos conscientes, linguagem simples, legal design e visual law.

“Tudo isso convida o cliente a encarar o estar com o advogado em um processo de auto reflexão, um momento de escuta e de trocas”.

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Assim ocorre na CASA20, um espaço jurídico afetivo situado no Jardim Botânico, que se denomina como responsável por uma abordagem multidisciplinar e que permite disponibilizar para o cliente uma prática voltada não apenas à identificação de suas necessidades jurídicas, mas também para o fortalecimento pessoal na efetivação de seus direitos. 

Criada por Ana Beatriz Bicalho, Daniela Griner e Fernanda Guerra, a empresa surge como opção de afeto e diálogo nas relações humanas. E todos os advogados possuem, além da formação jurídica, outras especialidades em segmentos das ciências humanas, o que proporciona uma leitura integrativa do conflito e conduz os envolvidos a um amadurecimento das relações interpessoais. 

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Criada por Ana Beatriz Bicalho, Daniela Griner e Fernanda Guerra, a empresa surge como opção de afeto e diálogo nas relações humanas e todos os advogados possuem, além da formação jurídica, outras especialidades em segmentos das ciências humanas (Divulgação/Divulgação)
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A iniciativa abriga três escritórios de advocacia, eventos e processos de ensino, que tecem diálogo entre o universo jurídico e as demandas da sociedade. “Para lidar com questões humanas, você precisa falar de afeto. Então queremos propor um espaço onde possamos analisar e entender o comportamento humano através de ferramentas jurídicas. E a casa surge com essa ideia, de ser um lugar de acolhimento, onde usamos o jurídico para melhorar as relações. Nosso objetivo é promover um olhar de cuidado e reflexão para o ser humano”, completa Fernanda Guerra, uma das idealizadoras do projeto.

Fernanda Guerra diz que o maior desafio é educacional, ou seja, à medida que buscam estabelecer uma nova cultura jurídica que acolha o conflito como algo que faz parte das relações e pode ser cuidado (e resolvido) de múltiplas formas, para além do litígio através do processo judicial. “A receptividade tem sido a melhor possível, uma vez que o próprio ambiente da casa já proporciona um acolhimento para aqueles que chegam em sofrimento, buscando uma abordagem jurídica para os seus problemas.

“Uma surpresa adicional tem sido a reação positiva de nossos colegas de profissão, que têm visto na casa uma nova proposta de prática jurídica onde profissionalismo, colaboração e afeto podem trabalhar juntos”, explica ela. E, partindo deste olhar para além das questões jurídicas, os advogados são capacitados com ferramentas como especialização em neurociência, mapeamento de conflitos, comunicação não violenta, escuta ativa, vulnerabilidades, letramento de gênero e inclusão de diversidades, dentre outros.

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A advocacia consciente busca dar ao cliente protagonismo, engajamento e auto responsabilidade na gestão de seus conflitos, sustentando e visibilizando os valores que norteiam suas relações e necessidades, bem como compreendendo as implicações de suas escolhas.

O projeto também promove eventos com o objetivo de rediscutir temas jurídicos e sociais, como os encontros criados para refletir sobre o feminino e os com o ativista Satish, 

Uma outra opção de afeto e diálogo nas relações humanas é o trabalho da advogada Rachel Lopes, que desenvolveu a Casa das Flores, um  espaço jurídico com alma. “Chamo de advocacia consciente o jurídico integrativo, que vai além da mera orientação legal e enxerga cada pessoa que chega em sua individualidade, com angústias, medos e dificuldades, que ultrapassam as dúvidas com relação aos seus direitos. Nossa área de especialização é o direito da saúde e nosso atendimento disruptivo em saúde possui três abordagens: orientamos juridicamente para garantir o conhecimento e o acesso aos direitos, mas também orientamos terapeuticamente, dentro das terapias naturopatas, com o que existe de mais moderno e científico. Além de acolher de forma humanizada, direcionando um plano de ação para as dificuldades que a pessoa enfrenta hoje, dentro de um modelo realmente integrativo.

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Rachel, além de advogada, atua como terapeuta naturopata, com formação em homeopatia, fitoterapia e plantas medicinais. “Era comum, durante o atendimento de saúde integral, me pedirem orientação jurídica, principalmente no direito dos autistas e crianças com TDAH. O mesmo acontecia nos trabalhos jurídicos: me pediam informações sobre homeopatias e tratamentos, além de conselhos sobre as dificuldades que tinham com os filhos. Então pensei: “Por que não unir essas áreas e criar um atendimento integrativo na saúde, feito com alma, que engloba tudo isso?”

Segundo a advogada, as pessoas não aguentam mais abordagens jurídicas e terapeutas impessoais, muitas vezes frias, que não levam em consideração as dores do indivíduo, que não tinha o foco em olhar o ser humano diante dele e pensar “como posso realmente ajudar e acolher juridicamente essa pessoa, dentro de um trabalho com alma.

Uma outra opção de afeto e diálogo nas relações humanas no Direito, é o trabalho da advogada Rachel Lopes, que desenvolveu a Casa das Flores, um  espaço jurídico com alma.
Uma outra opção de afeto e diálogo nas relações humanas no Direito é o trabalho da advogada Rachel Lopes, que desenvolveu a Casa das Flores, um  espaço jurídico com alma. (Divulgação/Divulgação)

O atendimento da Casa das Flores – espaço jurídico com alma é feito com orientações legais em direito de saúde, terapia natural integrativa e plano de ação para as dificuldades que a pessoa enfrenta hoje. Terapias integrativas relacionadas à radiestesia, tratamentos físicos quânticos e rastreios magnéticos, homeopatias, florais – principalmente para trato emocional, fitoterápicos, plantas medicinais e demais saberes ancestrais. “Busco a ciência e a academia em profundidade, conservando o respeito e incentivo ao conhecimento tradicional”. 

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